“ Foi
um dia, e outro dia, e outro ainda.
Só isso: o céu azul, a sombra lisa,
o livro aberto.
E algumas palavras.
Poucas, ditas como por acaso.
Eram, contudo, palavras de amor.
Não propriamente ditas, antes adivinhadas.
Ou só pressentidas.
Como folhas verdes de passagem.
Um verde, digamos, brilhante,
de laranjeiras.
Foi como se de repente chovesse:
as folhas, quero dizer, as palavras brilharam.
Não que fossem ditas,
mas, eram de amor, embora só adivinhadas.
Por isso brilhavam.
Como folhas molhadas. “
( Eugênio de Andrade )
Só isso: o céu azul, a sombra lisa,
o livro aberto.
E algumas palavras.
Poucas, ditas como por acaso.
Eram, contudo, palavras de amor.
Não propriamente ditas, antes adivinhadas.
Ou só pressentidas.
Como folhas verdes de passagem.
Um verde, digamos, brilhante,
de laranjeiras.
Foi como se de repente chovesse:
as folhas, quero dizer, as palavras brilharam.
Não que fossem ditas,
mas, eram de amor, embora só adivinhadas.
Por isso brilhavam.
Como folhas molhadas. “
( Eugênio de Andrade )